Poderia descrever a Mulher de inúmeras maneiras, seja pela personalidade, pelas escolhas ou pelo que possui. Pelos amores, pela família ou ainda pelos trabalhos que fez. Penso que descrevê-la sobre suas criatividades seria um espanto e dariam uma tese de doutorado em artes visuais. Então, pela minha sensatez, tentei achar algum traço físico que pudesse pela imagem denunciar quem é a Mulher.

          A Mulher tem cabelos lisos de cor indefinida, e isso talvez fale um pouco da personalidade hereditária dela, ou do sangue forte que corre na veia da família que veio, como o diria seu progenitor.  De temperamento intempestivo que se mistura como um pensamento racional e uma formação moral segura, sempre fiel a seus princípios, que diante a um dilema não titubeia.

        Seus olhos grandes e verdes são uma verdade de testamento, e como um micro universo de si mesma eles dizem com clareza suas intenções, revelam sempre uma leve nuance de um sentimento que não precisa de boca para expressar. Seus olhos são como a ternura, a extravagância e a conquista.

        Um traço, um traço! É difícil encontrar! Talvez lembre-me de um momento em que baixou os olhos com um desvio de olhar que deixava em relevo as pálpebras brancas. É possível que um desvio de seus grandes olhos verdes seja uma expressão de tudo que é? Não, mas certamente é revelador e belo.

         Sua boca que fala, que pronuncia coisas belas e que contam novidades, é objeto de desejo de muitos homens. A sua pele branca que contrasta com a cor momentânea do cabelo, me recorda as manifestações de um tempo ingênuo em que a timidez em se expor deixavam-na com as bochechas avermelhadas. Esse traço me parece um tanto revelador, ele faz uma ponte entre o passado e o presente, e no meio suas conquistas, que nas suas aparições ou quando se sentia febril e raivosa, o avermelhamento da pele, do pescoço e das bochechas sempre foram notáveis. Possivelmente não é algo que a Mulher admira muito, mas certamente é um traço físico que se estende e diz muito a respeito do que ela é.

         Poderia tentar definir pelo pé ou joelho, entretanto vamos deixar isso de lado para não ser inconveniente.

         Sentindo-me incapaz de definir, tento pela mesma via que procurei expor o traço, a linguagem. E se fosse uma metonímia, uma hipérbole ou um paradoxo?! Ou um verbo de ação… ou talvez, ainda um substantivo forte como o amor, o ódio ou a mulher! O substantivo mulher seria certamente uma redundância, porém não vejo outra saída; a Mulher é mulher. E aqui, retorno ao começo e digo que a definição de Mulher é tão complexa que substantiva-se em uma única palavra, certamente é o fim mais seguro para mim nessa tentativa muito ousada desde o princípio. Prefiro manter a circularidade ao invés de correr riscos em decompor a mulher, e assim perder quem ela é. Pois, então, só ela pode definir a si mesma.